segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Novo Aeon

Elegia 1938

Carlos Drummond de Andrade

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.
Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronzeou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.
Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerrae sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversassobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.
Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrotae adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
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Vamos lá, confessem...

O novo aeon está chegando num trem a todoa velocidade. Agora, basta saber quem vai ficar e quem vai partir. Crise de 29? Vamos estudá-la ao vivo agora. Muitos morreram de fome. Não consigo entender. Por que confiaram de novo no capitalismo? Todos pagaremos o preço. Mas acho que chegaram os últimos dias dos cristãos e dos profetas. Guerra? Fome? Caos? Nova ordem humana.

Boa sorte a todos
Fábio

2 comentários:

Alexandre Carrasco disse...

POis é ! Mas o negócio ainda nem ficou feio ainda . Vai ficar !!

fage disse...

feio sujo e senil